Olá, Fevereiro!
Época de Carnaval, fim do horário de verão e de mais uma mulher incrível homenageada aqui em nosso blog.
Todos os meses, iremos apresentar a vocês, mulheres incríveis que com seus feitos, tornaram os sonhos de muitas pessoas possíveis como também renovaram as esperanças de muitas gerações por vir.
Eu, você, todos nós fomos e somos impactados pelas mudanças, criações, descobertas, lutas que essas (e muitas outras!) mulheres nos proporcionaram. E é com grande orgulho que contaremos um pouco da história e realizações de cada uma delas.
Em janeiro, você conheceu a história de Ellen Johnson Sirleaf, primeira mulher a ser eleita chefe de Estado de um país africano e ganhadora de um Prêmio Nobel da Paz.
Hoje, você irá conhecer Shirley Ann Jackson, primeira mulher negra a fazer um doutorado em física pela MIT, além de desenvolver pesquisas que contribuíram para importantes avanços na área de telecomunicações.
Vamos conhecê-la?
#2. Shirley Ann Jackson
História
Nascida em 5 de agosto de 1946, em Washington, D.C., Shirley Ann Jackson desafiou muitas barreiras raciais e de gênero para se tornar a primeira mulher negra a conquistar um Ph.D em física nuclear pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (mundialmente conhecido como MIT), a ser chefe da Comissão de Regulamentação Nuclear (NRC) dos Estados Unidos, presidente do Instituto Politécnico Rensselaer (RPI), a receber a Medalha Nacional de Ciências e contribuir para grandes avanços da área de telecomunicações.
Reconhecida pela Revista TIME como exemplo máximo em ciência, sua história esteve perto de ser diferente devido a preconceitos sofridos.
Durante sua infância, as escolas de todo o EUA ainda eram segregadas e a qualidade de ensino era inferior para escolas que Jackson poderia frequentar. Mas com a decisão da Suprema Corte em 1954, que ordenou a integração das escolas, Shirley Ann teve um ligeiro avanço na qualidade de ensino.
Obviamente, apenas uma mudança de lei não seria suficiente para que ela se tornasse totalmente aceita pela sociedade. Mesmo mais velha, já na universidade, Jackson relatou à revista Science que esperava encontrar algum vínculo com outras mulheres (havia 45 em sua turma), mas elas não se sentavam com ela nas refeições e nem a queriam em seus grupos de estudo.
Segundo Jackson, se você sabe alguma coisa sobre o MIT é que é muito importante trabalhar as tarefas dadas e muitas vezes feito em grupos de estudos. Portanto, ela reuniu sua papelada com cálculos e ideias e disse para um grupo de alunas:
– “Posso me juntar a vocês?”
Uma das moças olhou para Jackson e disse:
– “Vai embora”
– “Eu já resolvi metade dos problemas e sei como resolver os outros” – Disse Jackson
– “Você não ouviu? Ela disse ‘Vai embora'” – Finalizou outra moça do grupo de estudos
“Foi um período de muito isolamento”, relata Jackson. Após essa situação, ela voltou para o quarto e chorou. Mas depois de um tempo, percebeu que de qualquer forma teria que entregar aquela tarefa. Então ela se recompôs e terminou o trabalho.
Entre os 900 alunos que haviam na turma de calouros do MIT em 1964, haviam apenas duas negras, sendo que Jackson era uma delas.
O caminho não seria fácil, mas conseguiu superar e persistir no que acreditava.
Feitos e Conquistas
Em abril de 1968, Martin Luther King foi assassinado. Na época, conhecendo o MIT e a ela mesma, Jackson viu que estava em posição de abrir mais espaço para as minorias e mulheres no Instituto.
Ela ajudou a organizar um grupo de estudantes negros que, em última estância, se tornaram o Black Student Union. O grupo elaborou propostas com demandas para recrutar mais estudantes minoritários, apoiá-los financeiramente e melhorar sua vida no MIT.
Meses depois, ainda em 1968 durante seu primeiro semestre na pós-graduação, Jackson viajou pelo centro-oeste para algo nunca antes feito no MIT. Recrutar estudantes de minorias.
Um ano depois, 57 estudantes negros se matricularam na graduação. Nos anos anteriores, este número era próximo a três, cinco por ano.
Em 1973, conquistou seu Ph.D em Teoria das Partículas Elementares, tornando-se a primeira mulher negra a obter um doutorado no MIT e a segunda mulher nos EUA a obter um doutorado em Física.
Em 1976, começou seus trabalhos na Bell Laboratories, em Nova Jersey, onde desenvolveu a maior parte de suas pesquisas e descobertas.
Em 1995, nomeada pelo então Presidente dos EUA, Bill Clinton, Jackson se tornou Presidente da NRC, onde ela tinha autoridade sobre todos o suspeitos da indústria nuclear que nao fosse militar. Criou o INRA, Associação Internacional de Reguladores Nucleares, que examina questões e fornece assistência a outras nações no tocante a assuntos de segurança nuclear.
Em 1998, recebeu sua admissão na National Women’s Hall of Fame e na Calçada da Fama da Women in Technology Internacional (WITI) em 2000. Também foi incluída na lista dos 50 Maiores Gênios Vivos do website The Best Schools.
Desde 1999, é Presidente do Instituto Politécnico Rensselaer (RPI) em Troy, Nova Iorque.
Em 2014, foi nomeada como co-presidente para o Conselho Consultivo de Inteligência pelo presidente Barack Obama, servindo até início de 2017. Com isso, se envolveu com questões de segurança nacional e global, segurança cibernética e tecnologia digital.
Em 2016, foi homenageada com um dos prêmios de mais prestígio do país, a Medalha Nacional de Ciências, conferida pelo Barack Obama.
Avanços na área de telecomunicações
Seu trabalho, pesquisas e conhecimentos em física permitiram inúmeros avanços na área de telecomunicações como o fax portátil, telefone com toque sonoro, células solares, cabos de fibra óptica, tecnologia por trás da identificação de chamadas e da chamada em espera.
“A ausência de diversidade na engenharia e na ciência da computação acarretará a falta de ideias novas, novos produtos e novos serviços para atender às demandas do novo mundo”
– Rosalind (Roz) Hudnell, da Intel –
Shirley Ann Jackson
Até os dias de hoje, Jackson continua com seus esforços para ajudar minorias a terem mais oportunidades nas escolas e na ciência. Nos últimos 15 anos, trabalhou de perto com uma escola independente na cidade de Nova Iorque, chamada Harlem Academy, que oferece educação rigorosa para estudantes de baixa renda da primeira a oitava série.
Em uma visita recente ao MIT, ofereceu palavras de encorajamento aos estudantes. Para um em específico, que se preocupava de alguma forma se ele merecia estar lá, ela disse que uma porta se abre por muitos motivos:
“Se você está aqui, uma porta se abriu para você. O que acontece agora é função que você faz”
Por seus esforços, força, representatividade, legado, descobertas, melhora na vida de milhares de pessoas, dedicação às minorias, o Folha Qualquer escolheu a Shirley Ann Jackson para representar o mês de fevereiro em seu calendário comemorativo “Mulheres Incríveis”.
Para conhecer mais sobre o calendário e as outras 11 mulheres que estão sendo homenageadas durante 2018, clique aqui.
E não perca em março a história da grande Patricia Era Bath, oftalmologista, inventora e acadêmica. Primeira mulher negra a receber uma patente médica. Inventou tratamento à laser para catarata, restaurando a visão de pacientes cegos há cerca de 30 anos!
